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Doze anos de escravidão.


Autor: Solomon Northup

Páginas: 230

Editora: Seoman

Nota: 5/5 s2

Filme vencedor do 71º Globo de Ouro e indicado para o Oscar 2014 em 09 categorias, é adaptação do livro publicado este trimestre pela Seoman. 12 Anos de Escravidão é um livro de memórias angustiantes sobre um dos períodos mais sombrios da história norte-americana. Ele relata como Solomon Northup, nascido um homem livre em Nova York, foi atraído para Washington, D.C., em 1841, com a promessa de um emprego, e então drogado, espancado e vendido como escravo. Ele passou os doze anos seguintes de sua vida em cativeiro, trabalhando, na maior parte do tempo, em uma plantação de algodão em Louisiana.

Após seu resgate, Northup escreveu este registro excepcionalmente vívido e detalhado da vida escrava. Tornou-se um sucesso imediato e, hoje, é reconhecido por sua visão incomum e eloquência, como um dos poucos retratos realmente fiéis da escravidão americana, redigido por alguém tão culto quanto Solomon Northup — uma pessoa que viveu sua vida sob a óptica de uma dupla perspectiva: ter sido tanto um homem livre como um escravo.

Em um relato emocionante, impactante, escrito em 1853 por Solomon Northup, um homem casado, com dois filhos, inteligente, que tinha como hobby ler, ou tocar seu violino, que durante a leitura percebemos que foi um grande refúgio nos dias de provações. Quais provações? Solomon era um homem livre, que foi sequestrado, e por 12 anos trabalhou como escravo nas fazendas de algodão e cana-de-açucar na Louisiana.

“[...] Agucei os ouvidos, tentando capturar algum som ou sinal de vida, mas nada rompia o opressivo silêncio a não ser o tilintar dos elos das correntes que me prendiam, que soava ao menor movimento que eu fizesse. Proferi algumas palavras em voz alta e assustei-me com o som da minha própria voz. Tateei meus bolsos, tanto quanto as correntes permitiam meus movimentos, vasculhando-os, dei-me conta de que eu fora despojado da minha liberdade, mas, também, de todo dinheiro e dos documentos que possuía. Então, começou a formar-se em minha mente a ideia – a princípio confusa e vaga – de que eu tivesse sido sequestrado, contudo, tal pensamento parecia inacreditável." Pág. 26

No decorrer da narrativa, temos a descrição não só da vida de Salomon durante o período de escravidão, mas de pessoas que estavam na mesma situação que ele, algumas ele descreve com grande alegria e consideração, outras, nem tanto, como alguns de seus “senhores”, que normalmente andavam com seu chicote nas mãos, e, a seu bel prazer, açoitavam os escravos quando bem entendessem.

[...] “Ele enxergava o homem de cor, não como um ser humano – responsável, perante o Criador, tanto quanto ele mesmo, pelos pequenos dons que lhe foram concedidos -, mas, sim, como um “bem móvel”; mero gado humano, nada melhor (exceto pelo valor monetário) do que uma mula ou um cão". Pág. 129

Northup descreve em detalhes a forma que os escravos eram rigorosamente alimentados apenas com carne de porco e broa de milho, e em alguns momentos, eles eram obrigados a comer sua carne com vermes, já que não tinham outra opção. A cabana onde estes homens dormiam, não possuíam colchões, e eles eram obrigados a dormirem no chão, e lhes era dado apenas uma manta para que cobrissem seu corpo depois de trabalharem do nascer do sol até o anoitecer.

[...] "Ergui minhas mãos para Deus, e tendo por testemunha apenas o silêncio da noite, cercado pelos vultos de meus companheiros adormecidos, implorei por misericórdia aos pobres e esquecidos cativos. Ao Pai Onipotente de todos nós – homens livres e escravos – dirigi as súplicas de um espírito alquebrado, rogando para que um poder superior me auxiliasse a suportar o fardo das minhas aflições; até que a luz da manhã despertou os adormecidos, conduzindo-os a um novo dia de servidão". Pág. 54

Essa autobiografia nos mostra como a venda e o tráfico de pessoas que eram livres, assim como Solomon, que teve sua vida transformada da noite para o dia, de uma forma absurda e desumana. Consegui sentir as emoções do autor, e não poucas vezes, chorei imaginando que poderia ser o pai, o irmão, sobrinho de qualquer um de nós.

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