O inocente.
- Evelyn do Nascimento.
- 13 de dez. de 2015
- 3 min de leitura

Autor: John Grisham
Editora: Rocco
Páginas: 384
Nota: 5/5 ♥ - Favorito.
Em 1971, Ron Williamson era o melhor jogador de beisebol de Oklahoma. Com personalidade forte e um talento inato para os esportes, Williamson estava em ascensão. Ao mesmo tempo em que ganhava notoriedade por belas jogadas, ficava famoso por beber demais, usar drogas e envolver-se com muitas mulheres. O comportamento, junto com um braço lesionado, acabou lhe custando a carreira. Quando voltou para sua cidade natal, Williamson havia perdido tudo. Da vida glamourosa, restavam apenas as bebedeiras, que acentuavam o comportamento maníaco-depressivo do ex-jogador. Esse círculo vicioso foi interrompido em 1982, quando um assassinato ocorreu em Ada, sua cidade-natal. A garçonete Debbie Carter foi encontrada morta. Três meses mais tarde, por razões que nem a própria polícia podia confirmar, Ron Williamson e seu amigo Dennis Fritz haviam se tornado os principais suspeitos do crime. A prisão ocorreu anos depois e um julgamento equivocado, com testemunhas que não tinham nada a dizer e delatores de dentro da própria cadeia, levou Williamson ao corredor da morte. Fritz foi condenado à prisão perpétua. Enquanto eram realizadas as investigações do caso, outra jovem, a estudante Denice Haraway desaparece. Pouco mais de um ano após o desaparecimento de Denice, novamente com a ajuda de delatores e com a produção de dois depoimentos arrancados à força dos suspeitos, o tribunal de Ada mandava mais dois homens para o corredor da morte. Neste livro, Grisham narra com detalhes os episódios ocorridos ao longo de duas décadas. O autor relata as formas de investigação empregadas pelos policiais e o tratamento dispensado aos condenados à pena de morte no estado de Oklahoma. No prólogo, mostra o quanto o Estado perde com processos indevidos.
Na pequena cidade de Ada, em Oklahoma, o homicídio de Debbie Carter e o desaparecimento de Denice Haraway causa revolta na população e a polícia se sente pressionada a solucionar os crimes de qualquer jeito, e para isso utilizam má-fé, falsos testemunhos, e acabam incriminando e comprometendo para sempre duas pessoas. Ron Williamson é condenado a pena de morte, e Dennis Fritzi é condenado a prisão perpétua.
Nas obras de John Grisham, o mais interessante é perceber que são realizadas muitas pesquisas e que absolutamente tudo é descrito por uma razão. Ron era um adolescente com talento para o esporte, porém, deixou-se seduzir pelo mundo da bebida e das drogas, chegando ao ponto de não conseguir controlar seu vício. Entrentanto, ele e Dennis foram apenas bodes espiatórios, porque a sociedade precisava de culpados, precisava que de alguma forma os crimes fossem "solucidonados". Ainda que isso custasse a vida e a liberdade de duas pessoas.
Durante a leitura, conseguimos perceber que John tentou ser o mais científico possível, ou seja, tentou não expressar qual era sua opinião sobre o caso, para que isso não lhe causasse um processo. Entretanto, o promotor Bill Peterson criou um web site rebatendo alguns fatos que foram descritos, e ingressou com um processo contra Grisham, que foi julgado como improcedente.
Porém, em 1992, com o surgimento de uma ONG chamada "Projeto inocência", e com ela a utilização de testes genéticos em investigações criminais. O Projeto inocência tem por objetivo dar um suporte à pessoas que foram condenadas erroneamente pelo Poder Judiciário a pena de morte ou prisao perpétua. Só na década de 90, 300 pessoas condenadas erroneamente foram libertas, e uma das pessoas que este projeto ajudou foi Ron Williamson.
O Juiz Frank H. Seay disse quando concedeu um novo julgamento a Ron: "Que Deus nos ajude, se algum dia, neste grande país, virarmos a cabeça para o outro lado enquanto pessoas que não tiveram um julgamento justo são executadas. Isso quase aconteceu nesse caso."
Concordo em partes com o que o juiz Frank disse, porque foi ótimo ter sido concedido um novo julgamento a Ron, só que há um porém nisso: muitas vezes as pessoas podem se machucar, aquele sangramento pode ser estancado, só que a cicatriz estará sempre presente.
Como sempre o ego dos seres humanos falaram mais alto do que realmente era certo a se fazer, mais uma vez, pessoas inocentes como Ron e Dennis perderam anos de sua vida e de sua liberdade por um erro que não cometeram. E que tenhamos sempre muito cuidado ao acusar alguém por determinadas atitudes, porque no final das contas a verdade não tem dono, e o direito não trabalha com fórmulas, e sim com possibilidades.
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