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Depois de Auschwitz


Título: Depois de Auschwitz - O relato emocinante da irmã de Anne Frank que sobreviveu ao Holocausto.

Autor: Eva Schloss

Editora: Universo dos Livros

Páginas: 301

Nota: 4/5

Em seu aniversário de quinze anos, Eva é enviada para Auschwitz. Sua sobrevivência depende da sorte, da sua própria determinação e do amor de sua mãe, Fritzi. Quando Auschwitz é extinto, mãe e filha iniciam a longa jornada de volta para casa. Elas procuram desesperadamente pelo pai e pelo irmão de Eva, de quem haviam se separado. A notícia veio alguns meses depois: tragicamente, os dois foram mortos. Este é um depoimento honesto e doloroso de uma pessoa que sobreviveu ao Holocausto. As lembranças e descrições de Eva são sensíveis e vívidas, e seu relato traz o horror para tão perto quanto poderia estar. Mas também traz a luta de Eva para viver carregando o peso de seu terrível passado, ao mesmo tempo em que inspira e motiva pessoas com sua mensagem de perseverança e de respeito ao próximo ¿ e ainda dá continuidade ao trabalho de seu padrasto Otto, pai de Anne Frank, garantindo que o legado de Anne nunca seja esquecido.

Cada vez mais, a Segunda Guerra Mundial é um assunto que desperta interesse e curiosidade nas pessoas, e de certa forma as vítimas de todas essas atrocidades resolveram quebrar anos de silêncio, e trazer à tona todas as suas memórias, e contar um pouco como o ser humano é capaz de cometer crueldades inimagináveis.

Antes de qualquer coisa, um esclarecimento se faz necessário: Eva tornou-se irmã de Anne Frank, porque Otto Frank casou-se com sua mãe, Fritzi, após ter perdido sua família. A irmã de Anne, Margot Frank, faleceu com sua irmã no campo de concentração após ter febre de tifóide.

De todos os relatos que já li sobre a Segunda Guerra Mundial e os campos de concentração, achei esse o mais sincero, e rico em detalhes, porque Eva conta como era sua vida relativamente confortável, e como de uma hora para outra, ela e sua família tornaram-se estranhos, e eram maltratados por aqueles que conviveram durante muitos anos, tudo porque os Alemães ordenaram que tratassem os judeus como muito menos que humanos, como se fossem bichos.

[...] "De repente, os agradáveis amigos da minha infância se foram. Perguntava-me agora quem eram essas novas pessoas. Os comerciantes simples, condutores de bonde e supervisores de obras que imaginei conhecer, agora estavam fazendo os judeus ajoelharem a seus pés, fazendo as declarações a favor da democracia desaparecerem.

Será que essas eram as mesmas pessoas com quem a minha família havia vivido lado a lado por tanto tempo?" Pág. 34

Ao ser enviada com sua família aos 15 anos para o campo de concentração de Auschwitz, Eva relata de forma minuciosa as maldades que eram cometidas contra os judeus, como por exemplo ter apenas um balde para que fossem feitas suas necessidades, e por não ter feito o que uma das guardas ordenou, Eva teve seu corpo coberto com fezes, e como esperado, não lhe foi permitido tomar banho para tirar esses dejetos.

Posso dizer que por ter tido um antes, durante e pós-guerra, Eva é até mais sincera do que a própria Anne Frank, porque teve toda sua inocência retirada, e em decorrência de todos os acontecimentos, rebateu a frase que Anne diz que apesar de tudo, ainda acreditava na "bondade humana".

"Anne Frank escreveu no final de seu diário, pouco antes de ser capturada, que ainda acreditava que as pessoas tinham bons corações, mas eu me pergunto o que ela pensaria se tivesse sobrevivido aos campos de concentração de Auschwitz e Bergen Belsen. Minhas experiências revelaram que as pessoas tem uma capacidade única para crueldade, brutalidade e completa indiferença aos sentimentos humanos." Pág. 100

Um dos acontecimentos que me deixou chocada em todo esse relato, foi quando Eva contou que os americanos e os britânicos sabiam desde 1943 sobre as câmaras de gás, mas recusaram-se a bombardear Auschwitz em 1944, por receio de uma "inundação de refugiados". Ou seja, mais uma vez podemos perceber que interesses políticos foram mais importantes do que a vida, porque enquanto países como a Inglaterra e os Estados Unidos se recusaram de bombardear Auschwitz, milhares de judeus eram torturados e mortos todos os dias, e tinham seus corpos jogados em uma vala ou simplesmente cremados.

Por sorte, ou proteção divina, Eva e sua mãe conseguiram sobreviver a Auschwitz e foram resgatadas pelos soviéticos. Entretanto, a vida de Eva nunca mais foi a mesma, e ela passou a ter uma outra concepção sobre o mundo, e principalmente sobre a atitude das pessoas. Além de tudo, não houve um dia que Eva não pensasse e desejasse do fundo de seu coração que seu irmão e seu pai simplesmente entrassem em sua casa.

Outro ponto abordado no livro muito interessante e atual, é a questão do preconceito, como a xenofobia, além de tudo, Eva diz que não tem certeza se algo como o holocausto não acontecerá novamente. Enfim, é um livro incrível, narrado com o coração aberto, por uma pessoa que participou de todos os acontecimentos, e que fez questão de deixá-lo para nós, porque ela diz que Auschwitz é apenas um lugar macabro, que os cabelos dos judeus ali expostos, seus pertences e a própria estrutura de Auschwitz poderá virar uma ruína, e o que realmente importa é que as pessoas nunca se esqueçam do horror que foi o holocausto.

Portão de Auschiwitz com a frase: "O trabalho liberta".

"Como iríamos descobrir, o final da guerra não foi o fim do preconceito. Longe disso".

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