Passarinha.
Autora: Kathryn Erkshine
Páginas: 224
Editora: Valentina
ISBN: 978-85-65859-13-4
Nota: 5/5
Imagem: blog Ponto do Livro.
Sinopse: No mundo de Caitlin tudo é preto ou branco. As coisas são boas ou más. Qualquer coisa no meio do caminho é confuso. Essa é a máxima que o irmão mais velho de Caitlin sempre repetiu. Mas agora Devon está morto e o pai não está ajudando em nada. Caitlin quer acabar com isso, mas como uma menina de onze anos de idade, com síndrome de Asperger ela não sabe como. Quando ela lê a definição de encerramento ela percebe que é o que ela precisa. Em sua busca por ele, Caitlin descobre que nem tudo é preto ou branco, o mundo está cheio de cores, confuso e bonito.
Bom, antes de qualquer coisa: você sabe o que é a síndrome de Asperger? Segundo definições, a síndrome é causada por uma forma moderada de autismo, que possui como principais características problemas de comportamento, dificuldades nas relações interpessoais (ou seja, portadores da síndrome acabam aparentando não ter empatia). Porém, são pessoas especiais, e muitas vezes com inteligência acima da média, e os sintomas podem ser notados a partir do 3º ano de vida.
Somos introduzidos no universo de Caitilin, uma menina de 10 anos, inteligente, doce, que no momento sente-se um pouco confusa, já que seu irmão Devon acaba de ser assasinado em um massacre ocorrido em sua escola (o assassino atirou no coração dele), e Devon lhe ensinava como se comportar, já que conforme descrito acima, Caitilin é portadora da síndrome de asperger, e possui dificuldade de interagir com as pessoas, sentindo-se desconfortável quando alguém invadia seu "espaço pessoal", e, além de tudo, Devon era seu único e melhor amigo.
" [...] Quando papai está me levando para casa de carro olho para o cartaz na frente da igreja que a gente costumava frequentar. Está escrito: NOSSOS CORAÇÕES ainda estão com as famílias de Julianne, Devon e Roberta. Só que NOSSOS CORAÇÕES não puderam salvar o Coração de Devon. Talvez seja por isso que papai não para mais o carro." - Pág 76
Quando ocorreu o desastre com Devon, Caitilin tinha noção que nunca mais poderia encontrar seu irmão, mas não entendia por que as pessoas a encontravam-na no serviço religioso e diziam "sinto muito, Caitilin", ou "foi uma grande perda"; então, por ter um pai que depois da tragédia estava o tempo inteiro triste, Caitilin tenta encontrar O Desfecho para a morte de seu irmão, que nada mais é uma maneira de "ajudar você a se sentir melhor quando uma pessoa morre." - Pág. 92
No início do livro, temos uma nota do tradutor, explicando que o livro é cheio de simbolismos, que fazem referência ao livro "O Sol é Para Todos", (original: To Kill a Mockingbird), para que o livro não perdesse o sentido. Devon costumava chamar Caitilin de Scout (escoteira, em inglês). Devon era escoteiro, e para ir para o nível águia, ele deveria construir um armário, e terminar de construir esse armário foi a maneira que Caitilin encontrou para colorir o seu mundo.
Por ser uma menina inteligente e introspectiva, Caitilin tem como hobby desenhar, e o faz muito bem, porém, tudo que tinha cores, a deixava confusa, incomodada, e de certa forma um pouco irritada.
"Eu gosto das coisas em preto e branco. Preto e branco é mais fácil de entender. Cor demais confunde a cabeça da gente." - Pág. 81
No decorrer da narrativa, passamos a entender a visão peculiar da Caitilin, e muitas vezes dá vontade de arracá-la da história para dar um abraço, mesmo sabendo que talvez ela não gostasse, por invadir seu "espaço pessoal". Tanto na capa e no conteúdo, a história possui um sentido, e nos faz refletir que tentar encontrar um "desfecho" e enxergar o mundo de uma maneira colorida, pode ser uma ótima forma de levar a vida.
