Fale!
Autora: Laurie Halse Anderson
Páginas: 248
Editora: Valentina
Nota: 5/5 - Favorito ♥
Sinopse: “Fale sobre você... Queremos saber o que tem a dizer.” Desde o primeiro momento, quando começou a estudar no colégio Merryweather, Melinda sabia que isso não passava de uma mentira deslavada, uma típica farsa encenada para os calouros. Os poucos amigos que tinha, ela perdeu ou vai perder, acabou isolada e jogada para escanteio. O que não é de admirar, afinal, a garota ligou para a polícia, destruiu a tradicional festinha que os veteranos promovem para comemorar a chegada das férias e, de quebra, mandou vários colegas para a cadeia. E agora ninguém mais quer saber dela, nem ao menos lhe dirigem a palavra - insultos e deboches, sim - ou lhe dedicam alguns minutos de atenção, com duvidosas exceções. Com o passar dos dias, Melinda vai murchando como uma planta sem água e emudece. Está tão só e tão fragilizada que não tem mais forças para reagir. Finalmente encontra abrigo nas aulas de arte, e será por meio de seu projeto artístico que tentará retomar a vida e enfrentar seus demônios: o que, de fato, ocorreu naquela maldita festa?
Quem nunca sentiu-se invisível a ponto de querer sumir? Quem nunca foi visto de uma maneira diferente por não estar dentro de determinados padrões, e foi obrigado a ouvir piadinhas e insultos, e recolher-se à sua "insignificância"?.
É exatamente isso que acontece com Melinda, uma adolescente que possuia uma vida comum, com amigos, comunicativa, e, de repente torna-se uma pessoa introspectiva, sem vontade de fazer praticamente nada após ter ligado e chamado a polícia em uma festa realizada em uma fazenda por calouros.
Todas as pessoas simplesmente param de falar com Melinda após esse acontecimento, e sinceramente, nenhum deles mostrava-se interessado em saber quais foram as razões que levaram Melinda a agir dessa maneira.
"É fácil não dizer nada. Fechar a matraca, passar o zíper, calar o bico. Toda aquela babaquice que você escuta na tv, sobre comunicar e expressar o que você sente não passa de uma mentira. Ninguém realmente quer ouvir o que você tem a dizer."
O que mais me deixa perplexa, é a atitude dos pais da Melinda, que percebem que a filha está quieta, que ela mudou completamente seu comportamento de um dia para o outro, e não se dão ao trabalho de tomar qualquer atitude, a única atitude que eles realmente tomam é criticar quem a filha se tornou.
Entretanto, nem tudo são trevas, e Melinda faz sua inscrição na aula de artes do professor Freeman, e na primeira aula ele sorteia um objeto aos alunos para que estes trabalhassem durante o ano letivo.
No caso de Melinda, o objeto foi uma árvore, e durante a narrativa, Laurie trará uma explicação incrível para tudo, e aí você poderá olhar para a capa do livro e perceberá como foi bem planejada, e que realmente tem uma ligação com a história.
Assim como era com Melinda, o professor Freeman também não era considerado uma pessoa "normal". Porém, aquela pessoa "anormal", foi a única que percebeu que toda aquela introspecção não fazia parte da personalidade de Melinda, e que a única necessidade de sua aluna, era ter alguém que estivesse disposto a ouvir o que ela tem a dizer.
"[...] Alguns professores comentam aos sussuros que o professor Freeman está tendo colapso nervoso. Eu acredito que ele é a pessoa mais sã que eu conheço."
Diante dessa narrativa, de todos os problemas ocorridos após aquele dia trágico, nos perguntamos: o que realmente aconteceu com a Melinda? Laurie Halse Anderson descreveu a história de uma maneira impressionante, coesa, e, sinceramente, foi o do livro com o final mais bonito que já li.
Narrativa emocionate, sincera, pensada da capa até o último ponto final, que possui a capacidade de nos mostrar que há muitas Melindas por aí, apenas esperando que alguém lhes dê uma chance para se expressar, e que sofrer bullying acontece com milhares de pessoas, todos os dias.
