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Holocausto brasileiro

Autora: Daniela Arbex

Editora: Geração

Páginas: 255

Durante décadas, milhares de pacientes foram internados à força, sem diagnóstico de doença mental, num enorme hospício na cidade de Barbacena, em Minas Gerais. Ali foram torturados, violentados e mortos sem que ninguém se importasse com seu destino. Eram apenas epilépticos, alcoólatras, homossexuais, prostitutas, meninas grávidas pelos patrões, mulheres confinadas pelos maridos, moças que haviam perdido a virgindade antes do casamento. Ninguém ouvia seus gritos. Jornalistas famosos, nos anos 60 e 70, fizeram reportagens denunciando os maus tratos. Nenhum deles - como faz agora Daniela Arbex - conseguiu contar a história completa. O que se praticou no Hospício de Barbacena foi um genocídio, com 60 mil mortes. Um holocausto praticado pelo Estado, com a conivência de médicos, funcionários e da população.

Se você acredita que o holocausto judeu foi uma das maiores atrocidades da história da humanidade, apresento-lhe o genocídio que ocorreu em nossa "amada" pátria, mais especificamente em Barbacena/MG, no hospício denominado "Colônia", que 60 mil pessoas foram enviadas no "trem dos loucos", recebiam um pijama muito semelhante ao fornecido aos judeus, viviam em condições subumanas e eram mortas de forma cruel.

Você pode dizer: - então, quem estava internado lá de fato era realmente louco e deveria ser recolhido, certo? Errado. As pessoas enviadas ao Colônia poderiam ser eu ou você, uma vez que elas apenas incomodavam alguém com poder. Eram epilépticos, filhas de fazendeiros que engravidavam solteiras, homossexuais, prostitutas, empregadas que engravidavam dos patrões, indivíduos que perdiam seus documentos, alcoólatras e etc.

Essas pessoas eram enviadas ao Colônia sem qualquer avaliação médica, e lá sofriam toda sorte de maus-tratos, como a lobotomia (procedimento em que o cérebro era furado através dos olhos) e o choque elétrico, que era dado com o intuito de fazer com que os "loucos" ficassem mais calmos. Além de tudo, como o tempo em Barbacena era muito frio, os pacientes viam-se obrigados a dormirem amontoados, uma vez que não lhes era dado cobertor.

Em decorrência do tratamento desumano, poucos conseguiram sobreviver no Colônia, o que possibilitou mais uma vez o sofrimento alheio, porque cerca de 1.800 corpos forma comercializados às faculdades de medicina de Minas Gerais, tornando o Colônia uma verdadeira "fábrica de cadáveres".

Mesmo com a situação absurda que os pacientes do Colônia viviam, somos informados que esse tipo de tratamento ainda não foi abolido no Brasil. Hoje em dia há o museu da loucura, para que não nos esqueçamos o passado, e para uma atrocidade como essa não aconteça novamente.

O esgoto a céu aberto, era uma fonte de água utilizada pelos pacientes.

Silvio Savat. Menino coberto de moscas confundido com um cadáver pelos fotógrafos.


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