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Fim

  • Evelyn Nascimento
  • 1 de dez. de 2016
  • 3 min de leitura

Autora: Fernanda Torres

Editora: Companhia das Letras

Páginas: 203

Nota: 4/5.

O público brasileiro acostumou-se a ver Fernanda Torres no cinema, no teatro ou na televisão. Em filmes premiados, novelas ou séries globais, ela se firmou como uma das mais versáteis atrizes brasileiras, capaz de atuar num arco dramático que vai da comédia escrachada ao denso drama psicológico. Em anos recentes, Fernanda começou a atuar na imprensa, em colunas no jornal Folha de S.Paulo, na Veja Rio e em colaborações para a revista piauí. Com Fim, seu primeiro romance, ela consolida sua transição para o universo das letras e mostra que nesse âmbito é uma artista tão completa quanto no palco ou diante das câmeras. O livro focaliza a história de um grupo de cinco amigos cariocas. Eles rememoram as passagens marcantes de suas vidas: festas, casamentos, separações, manias, inibições, arrependimentos. Álvaro vive sozinho, passa o tempo de médico em médico e não suporta a ex-mulher. Sílvio é um junkie que não larga os excessos de droga e sexo nem na velhice. Ribeiro é um rato de praia atlético que ganhou sobrevida sexual com o Viagra. Neto é o careta da turma, marido fiel até os últimos dias. E Ciro, o Don Juan invejado por todos — mas o primeiro a morrer, abatido por um câncer. São figuras muito diferentes, mas que partilham não apenas o fato de estar no extremo da vida, como também a limitação de horizontes.

A obra é narrada em primeira pessoa por cinco amigos, a partir do dia de suas mortes. O livro é nu e cru, simples, objetivo e extremamente reflexivo. Passamos a conhecer um pouco mais da Copacabana dos anos 60, e perceber o quanto (acho que até mais do que atualmente) havia um certo culto à aparência, ao corpo escultural.

"Não notei a velhice chegar. É traiçoeira, a danada. Aos trinta, não se aparenta mais quinze, aos quarenta, desaparecem os sinais dos vinte, aos cinquenta, os dos trinta..." Pág. 95

Os personagens são: Álvaro: mal humorado, brocha, extremamente chato e pessimista; Sílvio: porra-louca, tarado, pinguço e que desmaia só de ouvir em falar em compromisso e aproveita a vida ao máximo; Ciro: o típico homem perfeito que desperta interesse em todas as mulheres; Neto: homem correto, que vive conforme a moral e os bons costumes e Ribeiro: esportista babão, viciado em viagra e em meninas novinhas.

O que achei extremamente interessante, é que a narrativa não mostra apenas os momentos de glória, mas homens que em seu leito de morte desnudam todos os seus sonhos fracassados, defeitos, e acima de tudo: seus arrependimentos. Que são vários: por não ter aproveitado a vida, por não ter sido um bom pai, por não ter dado valor a esposa que tanto o amou e etc...

"Inácio enfrentou a truculência da polícia, a ironia dos legistas e a tristeza de não ter motivos para se orgulhar do pai." Pág. 79

Em cada um deles, podemos nos enxergar e elencar um arrependimento por ter seguido o caminho x e não o y. E, apesar de muitas vezes gostarmos mais de um personagem ou de outro, é impossível não ficar com raiva de todos, de tão desnudas que são suas personalidades.

Poderia dizer que a obra é cheia de clichês, mas ela nada mais é do que extremamente realista, e desta forma pode ser elencada como melancólica, mas, no final das contas "a vida é um fósforo que a gente risca e não sabe quando apaga."


 
 
 

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